sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Sabedoria popular da grécia antiga

Segundo uma lenda antiga, o rei Midas perseguiu na floresta o velho Sileno, companheiro de Diónisos, e durante muito tempo sem poder alcança-lo. Quando conseguiu, por fim, apoderar-se dele, o rei perguntou-lhe qual era a coisa que o homem deveria preferir a tudo e considerar sem par. Imóvel e obstinado, o demónio não respondia. Até que por fim, coagido pelo vencedor, desatou a rir e proferiu as seguintes palavras: " Raça efémera e miserável, filha do acaso e da dor! E tu, porque me obrigas a revelar-te o que mais te valeria ignorar? O que tu deverias preferir não o podes escolher: é não teres nascido, não seres, seres nada. Já que isso te é impossível, o melhor que podes desejar é morrer, morrer depressa.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O carácter inalterável

ue o carácter seja inalterável, não é verdade no sentido estrito; pelo contrário, essa estimada proposição apenas significa que, durante a curta duração da vida dum homem, os motivos , que sobre ele actuam, habitualmente não podem riscar com a profundidade suficiente para destruírem as assinaturas impressas de muitos milénios. Mas se imaginássemos um homem de oitenta mil anos, então teríamos nele um carácter até absolutamente mutável: de modo que uma multidão de indivíduos diferentes se desenvolveria a partir dele. A brevidade da vida humana conduz a muitas afirmações erróneas acerca das características do homem.


Nietzsche

Equívoco do sonho

Nas eras de rude civilização primordial, o homem julgava travar conhecimento no sonho com um segundo mundo real; aí está a origem de toda a metafísica. Sem o sonho, não se teria encontrado motivo para uma separação do mundo. Também o fracionamento em alma e corpo está ligado à mais antiga interpretação do sonho, do mesmo modo a hipótese de uma aparência corpórea para a alma; por conseguinte, a proveniência de toda a crença nos espíritos e, provavelmente, também da crença nos deuses. "O morto continua a viver, pois aparece aos vivos no sonho": assim se concluía noutros tempos, através de muitos milénios.

Nietzsche