quinta-feira, 17 de maio de 2012

Emancipação ou degeneração feminina?

"Em nenhuma época o sexo fraco foi tratado com tanto respeito pelos homens - isto corresponde á tendência e ao gosto fundamental da democracia, tal como o desrespeito pelos mais velhos. Que admira que, logo de seguida, este respeito se transforme em abuso? Quer-se mais, aprende-se a exigir, acha-se , por fim, que aquele direito ao respeito é quase algo de doentio e prefere-se então a luta, a disputa dos doreitos. Enfim, a mulher perde o pudor. Acrescente-se, de imediato, que perde também o gosto. Desaprende a "temer" o homem; mas a mulher que "esquece o temor" abandona os seus instintos mais femininos. O facto de a mulher ousar, sempre que aquilo que no homem infunde respeito, ou antes, sempre que o que há de masculino no homem deixa de ser cultivado e incrementado, é demasiado evidente e demasiado compreensível. O que se compreende com mais dificuldade é que, justamente por isso, a mulher degenere. É isto que acontece hoje: não nos iludamos acerca disto! Por toda a parte onde o espírito industrial venceu o espirito militar e aristocrático, a mulher aspira hoje á autonomia económica e jurídica. (...) Á medida que adquire novos direitos, ambiciona tornar-se "senhora de si mesma" e escreve o "progresso" da mulher nos seus standards, acontece exatamente o oposto com uma nitidez assustadora: a mulher retrocede. Desde a Revolução Francesa que a influência da mulher na Europa diminuiu, à medida que ela crescia em direitis e em exigências; e a "emancipação da mulher", na medida em que é esperada e promovida pelas próprias mulheres (e não apenas por idiotas do sexo masculino), surge como um maravilhoso sintoma do crescente enfraquecimento e embotamento dos instintos femininos gerais. Há uma estupidez neste movimento, uma estupidez quase masculina, de que uma mulher bem constituída - que é sempre uma mulher inteligente - se deveria envergonhar profundamente. Perder o instinto para o solo no qual se vence com mais segurança; descurar o treino da sua autêntica arte da guerra; abandonar-se diante dos homens, talvez mesmo até ao ponto de se escrever um livro, quando, anteriormente, se prezava a honestidade e a humildade subtil e astuta; contrariar, com virtuosa ousadia, a crença mascuina na existência de um ideal oculto e completamente diferente na mulher, na necessidade de um eterno feminino; dissuadir o homem, com energia e eloquência, de considerar a mulher como um animal doméstico, delicado e maravilhosamente selvagem e muitas vezes excepcional, que necissita de ser conservado, alimentado, protegido e poupado; procurar, de modo ingénuo e indignado, tudo o que de escravizador e servil teve e ainda tem em si mesma a posição da mulher na ordem presente da sociedade ( como se a escravatura fosse um contra-argumento e não, pelo contrário, uma condição de toda a cultura superior e de todo o progresso da cultura); o que é que tudo isto significa senão a ruína do instinto feminino, uma desfeminização? Há certamente um número suficiente de idiotas, amigos das mulheres e corruptores das mulheres entre os burros sábios do sexo masculino, que aconselham a mulher a desfemenizar-se deste modo e a imitar as parvoíces de que padece o "homem" na Europa, a "virilidade" europeia, e que gostariam de rebaixar a mulher ao nível de "cultura geral", ou até mesmo da leitura dos jornais e da política. Aqui e ali, quer-se fazer da mulher um espírito livre e uma literata, como se uma mulher sem piedade, para um homem profundo e sem Deus, não fosse algo de completamente antipático ou risível; arruínam-se os seus nervos, por toda a parte, com a mais doentia e perigosa de todas as formas de música ( a nossa nova música alemã), tornando-as cada vez mais histéricas e incapazes de exercer o seu principal ofício, a criação de crianças saudáveis. Quer-se cultivá-las ainda mais e, como se costuma dizer, tornar forte o "sexo fraco", por meio da cultura. Como se a história não ensinasse, tão claramente quanto possível, que "cultivar" o homem e "enfraquecimento", quer dizer, enfraquecimento, dissipação e adoecimento da força da vontade,andaram sempre a par, e que as mulheres mais fortes e mais influentes do mundo ( a última das quais foi a mãe de Napoleão) deveram à sua força de vontade - e não aos professores -  o seu poder e o seu ascendente sobre os homens. Aquilo que, nas mulheres, infunde respeito e , muitas vezes, medo, é a sua natureza; que é mais "natural" que a do homem, com o seu carácter insinuante próprio de uma fera astuta, a sua garra de tigre por debaixo das luvas, a ingenuidade do seu egoísmo, a sua impossibilidade em ser educada, o seu íntimo carácter selvagem, o que há de inconcebível, desmedido e errático nos seus desejos e virtudes.... O que, apesar do medo, provoca a compaixão por este perigoso e belo felino que é a "mulher", é o facto de ela se mostrar, mais do que qualquer outra fera, sofredora, ofendida, precisando de amor e condenada á desilusão. Medo e compaixão: é com tais sentimentos que, até ao presente, o homem se colocou diante da mulher, sempre com um pé na tragédia, que despedaça e, ao mesmo tempo, encanta. Como? Isto deve agora acabar? Está em marcha a desmitificação da mulher? Assistimos ao aparecimento da mulher aborrecedora? Oh, Europa, Europa! Conhece-se o animal com cornos, que foi sempre para ti o mais atraente, mas que não deixa de te ameaçãr! A tua velha fábula poderia novamente tornar-se história - uma enorme estupidez poderá, uma vez mais, dominar-te e vencer-te! E, debaixo dela, não se esconde nenhum deus. Não! Só uma "ideia", uma "ideia moderna"!"


F.N.

Sem comentários:

Enviar um comentário