Não acho uma qualidade o hábito de desenhar. Se é um hábito, é tão-somente um vício. Mas todos os temos, só não volta-ao-passado quem não tem memória.
Acho que só existe um tipo de desenho: é sempre aquilo a que estamos sujeitos, incluíndo a nós próprios. Basta o suporte e o médium para contradizer o "parte de mim", o "vem de dentro".
Desenho é uma maneira de existir e nós só existimos a par daquilo a que estamos sujeitos, a par, portanto, do que nos é exterior. Foi o lixo desta secretária que me deu este lápis e esta folha e é a luz que assalta este quarto através da janela que dá o contraste a este desenho que "escrevo".
Desenhar é, tal como o nosso modo de existir, um duelo. E ganha mais com isso quem reconhece e respeita o adversário: o "não-eu".
André Rúben
07/03/2011
Sem comentários:
Enviar um comentário